sexta-feira, 30 de julho de 2010

Bad wishes

Hoje ao conversar no MSN com um querido amigo, ele me propôs que fizéssemos a brincadeira dos 3 desejos. Tínhamos que escrever de uma vez 3 coisas que mais gostaríamos que acontecesse agora. Nossa, tão difícil dizer assim...

O meu maior desejo atualmente (a há uns 5 anos já) é que alguma fortuna caia no meu colo, ou no da minha mãe pra que a gente pare de ficar comendo capim nessa vida. Pode ser de qualquer jeito: via torpedão campeão, via megasena, via um tio rico e distante que bateu as botas e lembrou da gente no testamento, sei lá...

Mas hoje, especialmente eu queria sumir. Queria poder dizer pra todo mundo que estou com as malas prontas pra ir morar em algum lugar distante. O lugar distante pode ser Nova Friburgo, Belém do Pará, Buenos Aires, Cidade do México, Nova York, Berlim, Budapeste ou Tóquio. Qualquer lugar tá bom! Além de sumir eu queria também pirar, ficar loucona mesmo, de álcool, de beck, de coca, ou de ácido... Queria também ser bonita, inteligente e poder mandar todo mundo pra putaqueparil.

Ah, eu queria!



sábado, 24 de julho de 2010

Açúcar e merda

Depois de quase dois meses, finalmente terminei de ler Berlim Alexanderplatz. Não demorei tanto com a leitura por pura incompetência minha, mas porque resolvi le-lo justamente na época em que precisava escrever minha monografia, fato que atrasou bastante o processo. Pra quem nunca ouviu falar, Berlim Alexanderplatz é um clássico da literatura expressionista alemã, escrito por um médico, Alfred Doblin, que viveu de perto o cotidiano das classes pobres berlinenses durante a república de Weimar. O livro conta a história de Franz Bieberkopf, um verdadeiro fodido na vida, que ao sair da prisão depois de 4 anos de pena, resolve tentar viver com dignidade, sem muito sucesso.

Enfim, é uma história triste, que me fez refletir durante um tempo sobre certas questões. Mas o que mais me tocou, foi um diálogo ocorrido entre a Morte e Franz que acontece já bem no finalzinho da narrativa. Depois de tanto sofrer, a Morte vai finalmente buscar Franz e trava com ele uma longa conversa mostrando-o todas as burradas e injustiças que ele havia cometido durante sua vida, e repete para ele, demasiadamente, que a vida é feita de açúcar e merda.

Fiquei com isso martelando na minha cabeça e tendo a concordar estreitamente com a Morte de Doblin. É impressionante a capacidade que a vida tem de nos apresentar coisas tão maravilhosas e igualmente tão terríveis. Sabe, a minha vida não tem sido a das mais fáceis há um bom tempo. Parece que de repente Deus olhou pra mim e disse: Essa aí, junto com a mãe dela, tá precisando sofrer um pouquinho. Colocou a gente dentro de um mar revolto e a cada onda forte que chega e nos dá um caixote, nos recuperamos por alguns segundos e novamente vem uma outra onda, maior ainda...E assim a gente vai vivendo.
Apesar disso eu procuro ser feliz a maior parte do tempo. Tento deixar o mal humor de lado, esquecer da merda e aproveitar o açúcar. Sim, porque no meio de toda essa merda, não é difícil encontrar pedras de açúcar. A época mais "sofrida" da minha história, tem sido também a mais intensa, onde eu pude experimentar todo tipo de felicidade, da mais recatada a mais libertária...Experimento, gosto, experimento, sofro, experimento não gosto, não sofro, gosto e sofro. Sinto prazer ao comer pão com mortadela e manteiga, ao beber litros de cerveja com os amigos num bar sujo da Lapa. Vou ao cimena e me alegro ao saber que no mundo existem mentes tão incríveis capazes de criar um filme como Toy Story 3 ou O Segredo dos seus olhos...
As coisas que mais me atraem são também aquelas que mais me fazem sofrer, bem como aquilo que eu mais repudio e nego são aquelas que me possibilitam ter um porto seguro. Odeio trabalhar, amo o flamengo, amo e odeio o lugar que eu moro, amo alguém que não me ama, amo comer, não quero engordar, amo beber, odeio ressaca, amo gozar, odeio ser um objeto. Amo açúcar, odeio merda, amo merda, odeio açúcar. Açúcar e merda, açúcar e merda. A vida é feita de açúcar e merda....

Amo a vida com a mesma intensidade que a odeio. Desejo viver tanto quanto desejo morrer?Mentira! A vontade de viver é sempre maior. Sempre vou preferir a vida, mesmo que ela seja feita só de merda e a morte me mostre um caminho cheio de açúcar.