sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Ai eu não sou daqui...

Amanhã meu primo e minha grande amiga de infância vão se casar. Calma! Minha amiga vai se casar com o noivo dela que não é o meu primo, e meu primo com a noiva dele que não é a minha amiga! Sim, eu vou perder um dos casórios e isso muito me entristece, mas não é isso que me traz até aqui hoje.

Essa história de ver casando pessoas que cresceram comigo está me fazendo pensar muito em como o tempo passou rápido demais, em como estou velha, e em como eu definitivamente não me encaixo nesse esqueminha tradicional de estilo de vida. Não, eu não tenho nada contra casamentos e nem contra pessoas que se casam. Sempre quis ser madrinha de casamento e até ouso a devanear com o improvável dia em que estarei entrando na igreja de véu e grinalda, como a maioria das mulheres almejam. A questão é que ao me ver envolvida neste universo me dou conta de que nada disso foi feito pra mim.

Tenho 24 anos e perto de muitas mulheres com a mesma idade que eu, me sinto uma adolescente. Minha vizinha que também tem 24 anos tem uma filha de 5 e está casada há 6. A manicure que fez minha unha hoje também tem 24 anos. Ela tem dois filhos, um menino e uma menina, o mais velho de 8 anos, cada um de um homem diferente, e é casada com um engenheiro. Minha prima de 20 anos já tem um noivo. Ele já está pagando as prestações do apartamento que ficará pronto daqui a 4 anos, quando finalmente poderá se casar com ela. Cheguei numa fase em que as pessoas que julgo mais velhas são na verdade da mesma idade que eu, quando não mais novas. Minhas amigas que ainda não casaram ou juntaram, pensam em fazer isso brevemente e já tem tudo mais ou menos engatilhado com seus respectivos namorados. É claro que tudo isso pode mudar, mas a verdade é que isso é muito mais próximo da realidade delas do que da minha. Enquanto isso o que eu faço? O que eu planejo?

Sou solteira, moro com a minha mãe e meu irmão. Ainda não tenho um emprego que me permita fazer o que der na telha sem deixar minha família desamparada. De vez em quando até sonho sim, em encontrar um príncipe encantado que peça a minha mão em casamento e me leve ao altar com toda a pompa e circunstância, mas definitivamente não é este desejo que me faz ter vontade de viver. Nem sei se acredito em amor eterno, pra falar a verdade nem sei se acredito no amor. Tá, eu acredito que duas pessoas possam se amar, como no caso do meu primo com a noiva dele e da minha amiga com o noivo dela, mas não sei se sou capaz de amar alguém a ponto de querer dividir com ela toda a minha existência. Ás vezes me bate uma puta carência e eu acho que um namorado resolveria todo o meu sofrer. Daí quando aparece alguém uma pouco mais interessado em mim, me desespero e saio correndo, antes mesmo de saber se a pessoa realmente queria algo mais sério, ou somente sexo e putaria.

Meu sonho maior é jogar meu corpo no mundo e andar por todos os cantos como na música dos Novos Baianos. Quero deixar e receber um tanto, e viver a vida louca vida que nem a do Lobão. Quero poder sair da órbita de vez em quando sem me preocupar se vai ter alguém me esperando voltar à lucidez. Quero tão mais do que essa sociedade medíocre me oferece... Mais do que somente café da manhã, almoço e janta. Quero viver numa eterna Babilônia, pelo menos em algum momento da minha vida, talvez não pra sempre. Sim, sei que isso é impossível e até egoísta, mas nesse momento esse sim é meu maior sonho.

Me formar, trabalhar, ficar rica? Sim, talvez eu até sonhe com isso também, mas só se for com direito de pirar completamente pelo menos todo final de semana!

3 comentários:

  1. Nossa, Bela... Como pode mts coisas que eu sinto estarem ai escritas por vc? Fiquei um pouco assustada com isso, mas ao mesmo tempo me consolo por saber que tem alguém que vive em um mundo parecido com o meu! Nesse exato momento queria me lançar no mundo e esquecer de tudo que existe, como não posso concretizar essa vontade, entrei na net pra viajar um pouco e me deparei com esse post... Acho que é pra me lançar!

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  2. Nossa! Pirei com esse post! Quando chego aqui para comentar... encontro o comentário justo de quem?! Alma! Minha fiel companheira de opiniões e devaneios! Faço minhas as palavras dela. Tb fiquei um pouco assustada de ver muita coisa do que eu penso ali exposta nas palavras da Belinha - que encontrei 1 vez na vida, diga-se de passagem, mas de quem fiquei fã depois de ler os posts. Como pode alguém com quem tenho tão pouco contato pensar tão parecido comigo em certos aspectos? É estranho e engraçado. Alma eu já conheço, então já nem me assusto mais! hehehe Mas acho que tem muito mais gente que pensa como nós e nem imaginamos. Acho que é o pensamento de uma época. Meio que naquela onda de zeitgeist. Uma época em que é muito mais comum as pessoas terem altos papos virtuais e, qdo é ao vivo, mal conseguirem se olhar. Uma época em que o casamento vai perdendo lugar, que as relações se modificam e algo que nunca muda: os questionamentos... Acho que hj em dia é comum essa vontade de sumir no mundo... "e aparecer no natal só pra família não ficar triste"...

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