segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Irônico destino

Lá estava eu no meu destino, fingindo que nem me lembrava de você! Eu bem sabia que naquele ambiente você não ia querer estar, não faz o seu tipo. Não te comuniquei que ia, você nem se interessa pela minha vida, por que ia querer saber? Mas é claro que eu queria que você soubesse, só pra saber que eu não estou nem aí pra você.

Saí de casa já pensando se quando eu voltasse haveria algum e-mail seu na minha caixa de entrada. Cheguei na rodoviária lembrando como tinha sido a nossa espera naquela mesma rodoviária há alguns meses atrás. Sentei novamente na janela, mas ao meu lado tinha uma senhora desconhecida, muito fina e elegante ocupando o seu lugar de outrora. Eu não tinha seu ombro para recostar minha cabeça e nem a sua mão para esquentar a minha. Saudade eu tinha de sobra, mas estava certa que cedo ou tarde me acostumaria com a sua ausência. Pelo menos eu estava vivendo, e ia viver muito mais quando chegasse ao meu destino.

No meu destino eu vivi, me diverti e até fui feliz, mas tudo lá me lembrava você. Eu sabia que você ia gostar estar lá, talvez não naquele momento, mas qualquer dia desses. Aquelas cachaçarias, aquelas praias, aqueles bares, a cervejaria alemã...Tudo era tão a sua cara! Mas naquele momento, nada te levaria até lá, não é mesmo? Onde estaria você naquele momento? Eu me perguntava constantemente. E também me perguntava com quem. Será que com seus amigos imundos, com alguma prostituta barata, com a sua família, ou com aquela outra que eu tive o desprazer de conhecer? Bêbado em algum lugar da cidade, era quase certo. Mas lá, lá você não podia estar! Não! Naquele momento nada te levaria até lá, levaria? Não, nada, nada, não tinha como, tinha? Tinha! Eu descobri que algo te levaria lá naquele momento. Naquele final de semana somente um motivo muito forte te levaria àquela cidadezinha, e o motivo estava lá. Um velhinho muito simpático e talentoso estava lá, naquela cidadezinha, falando sobre o trabalho incrível que ele tem e que você tanto admira. Não! Será possível que você se deslocaria até lá só por causa dele? Eu sabia que era possível, mas preferia não acreditar.

Por via das dúvidas me maquiei com afinco e vesti minha roupa mais sensual pra assistir aquele velhinho falando. Tinha tanta gente. Eu não sabia que ele era tão respeitado. Mas você com certeza sabia e ia adorar vê-lo falando daquele jeito tão simpático e descontraído. Uma pena você não estar lá, uma pena...

Quando o velhinho parou de falar eu fui viver o tempo que me restava naquela cidade, queria beber, ver gente, conhecer gente nova, beijar na boca talvez, por que não? Tinha tanta gente bonita naquela cidade. Naquela hora eu tinha conseguido finalmente tirar você dos meus pensamentos por alguns instantes e eis que quem me aparece? Você!

Eu fiquei feliz, muito feliz. É claro que você não deixaria de ver o velhinho. A pequena cidade e quem mais estivesse nela era o que menos importava pra você, contanto que você pudesse ver o velhinho... Era tão bom te ter por perto novamente! Por um bom tempo achei que isso não aconteceria nunca mais. Ouvir suas piadas infames, suas reclamações cronicas, suas ironias e seus insultos gratuitos. Te ouvir me perguntando por que eu não havia te contado que estaria lá e poder responder que não lhe devo satisfações. Sentir seu abraço, seu cheiro, seu beijo. Voltar pra casa em sua companhia, almoçar com você, ter seu ombro para recostar minha cabeça e a sua mão para esquentar a minha... Definitivamente aquela viagem tinha valido a pena.

Quando nos despedimos tudo voltou ao normal. Minhas inseguranças em relação à você são as mesmas, a sua indiferença para com a nossa relação é a mesma, meu amor por você é o mesmo, a distância da rodoviária até a minha casa é a mesma, meus problemas são os mesmos...

Escolhi aquele destino para me desvencilhar de nós dois, mas o destino quis nós dois naquele destino. E nos próximos destinos, o que será que o destino quererá de nós?




2 comentários:

  1. Poxa... O amor tem dessas coisas.

    :(

    ResponderExcluir
  2. Concordo, o amor tem mesmo dessas coisas. E depois querem que a gente entenda esse cara... a gente busca, busca, busca, mas qdo nos encontramos com ele, o cara nos prega essas peças... Tem um forrozinho maravilhoso que diz que Saudade tem nome de mulher, que é pra fazer do homem o que bem quer. E, na minha opinião, Amor tem nome de homem para a gente não conseguir entender, mas querer. Querer muito. E não entender. E querer. E não entender. E querer... É melhor nem tentar entender... E continuar querendo. Eu queria não querer... Homens, quem os entende?

    ResponderExcluir