domingo, 10 de outubro de 2010

A revolução fanfarrona

DCE, Bin Laden, Caverna do Bin, Convés, Laury, Vestibular do Chopp, Babilônia, Chopadas históricas, Churrascos a beira da baía de guanabara, 5º andar do bloco O (ESSE EU NUNCA FREQUENTEI!), Jongo do Quilombo São José... Se em 5 anos de faculdade de história você não conheceu nada disso, vc definitivamente não aproveitou esses anos como deveria.

Sim, porque não é só de leituras de Marx, Weber e Foucault que se alimentam as almas dos projetos de historiadores, mas principalmente de um liquido mágico que juntamente com o pão, era já fundamental na dieta dos antigos egípcios.

Não, caro formando. Você não precisa se sentir culpado se a essa altura do campeonato acaba de se dar conta de que passou mais tempo de sua vida universitária dentro de um bar niteroiense do que em sala de aula, até pq, pense comigo: quem te acolhia quando após horas de viagem para atravessar a poça, vc se deparava com a desoladora notícia de que seu querido professor não viria dar aula? Sim!!! Nessas horas quem te recebia com todo carinho no DCE era o simpático seu Valério, com aquela maravilhosa coxinha de frango, a mesa de bilhar e a incrível garrafa de Itaipava estupidamente gelada, que ainda custava menos de 1, 50 naqueles áureos tempos do seu primeiro período.... Mas caso o DCE estivesse mais lotado do que aquele busão que você pegou, ainda te restava o Bin, que mesmo com aquele ar asqueroso e a cerveja Crystal disfarçada de Itaipava que te enganou por períodos e mais períodos, era mais atrativo do que a aula de muito doutor por aí...

Além do mais, caro formando, você não pode negar que não fosse o bar, as festas e as viagens universitárias, sua rede de relacionamentos e tb seu conhecimento geral sobre a arte da vida ficariam restritos somente ao pobre ambiente da sala de aula, quer dizer, seria no mínimo sem graça...Não, formando, não se sinta culpado, sem a mesa do bar como você ficaria sabendo qual disciplina não pegar de jeito nenhum no semestre que estaria por vir? Como você saberia que aquele professor é um falcatrua do mal, que além de cobrar presença, prova e inúmeros trabalhos, falta mais do que papel higiênico no banheiro do segundo andar do bloco O?

Ainda não está satisfeito? Pense quais lugares do Brasil vc conseguiria conhecer com a sua mísera bolsinha de 300 reais não fossem os inúmeros ENEHS, EREHS, Anpuhs, Encontros de História Oral, Encontros de Jongueiros...??? Pois é, caro colega...Vc teve a oportunidade de conhecer cidades de todas as regiões desse brasil varonil, de se batizar nas águas da babilônia, de fazer pesquisa etnográfica nos mais diferentes tipos de buteco desse país, de dar ideia (e levar toco) em gente de todos os estados da federação... E foi graças a esse seu espírito fanfarrão que vc conheceu de perto as mais variadas culturas desse brasilzão, apresentou trabalhos, assistiu seminários e palestras, participou de debates, trocou idéias e expriências com historiadores e estudantes de história do país inteiro, enriquecendo ainda mais o seu currículo lattes (ou não...)!


Não, formando, não precisa se envergonhar! Até pq, quando nós, intelectualóides das ciências humanas em geral nos reunimos, seja no ambiente que for, as conversas sempre debandam inevitavelmente para os debates historiográficos, para o conceito de campo do Bourdieu, para o processo civilizador do Elias, para a longa duração do Braudel, ou para a política econômica do governo Lula, para o fascismo da política pacificadora do Cabralzinho, para a crise do capitalismo mundial, para as injustiças sociais e a necessidade urgente de mudarmos o andar da carruagem... Sobre estes diversos temas dificilmente chegamos a uma conclusão ou a um acordo, mas uma coisa é certa: Todos apoiamos a revolução fanfarrona! Que Dionísio nos ajude!

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